Não é possível amarmos o que não conhecemos. Também não é possível estarmos comovidos e motivados a atos maiores em prol de um coletivo sem um sentimento de pertencimento.
O sentimento de pertencer a um lugar, a uma comunidade, a uma nação, a um planeta, nasce de um motivo de reconhecimento e auto-reconhecimento, de uma descoberta de sintomas e de sincronias finas, de laços que interligam o indivíduo ao coletivo, seja esse coletivo uma comunidade biológica em nível local ou planetário.
Essa entrega afetiva para algo além de nós, para o que é extra-humano – o ecossistema, a cadeia alimentar, a vida no planeta terra, a percepção de que somos apenas uma espécie recente e novata no processo evolutivo da vida na terra – nos faz perceber nosso papel em um sistema maior, ao mesmo tempo que nos torna pequeno. Ao mesmo tempo, como uma aparente contradição, nos compromete, nos entrelaça as ordens maiores que aquelas limitadas a nossa vida individual.
Ao transformar um comportamento pessoal solitário e de livre-arbítrio, como simples ato de separar o lixo orgânico, atuamos em uma dimensão de espaço-tempo muito maior do que aquela da nossa realidade imediata.
Esse é papel fundamental em nosso plano político pedagógico: resgatar o indivíduo de uma cultura de massa para uma construção do sujeito que atua comovido pelo seu estorno socioambiental.